O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas
Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento
O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas
(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo
2 comentários:
Olá!
Gostei do seu blog e prometo voltar. No entanto gostaria de fazer uma correcção no poema "O Poema" de Sophia de Mello Breyner Andresen. Em vez de "Quando eu não for eu" deve ser "Quando eu não for a habitação do tempo". O seu a seu dono. Parabéns pelo seu blog e muitas felicidade.
José Monteiro
Olá José, obrigada pelo reparo, mas não consegui ver onde estava o erro. Fiz inclusive uma pesquisa pela blogosfera e o poema, penso estar correcto.
No entanto, espero que volte mais vezes...
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