domingo, 8 de fevereiro de 2009

Carmen Miranda: Centenário de nascimento




Carmen - Uma Biografia
Autor: Castro, Ruy
Editora: Palavra
Ruy Castro, consagrado como um dos escritores brasileiros mais respeitados da actualidade e autor de importantíssimas biografias, lega–nos uma minuciosa e detalhada biografia da portuguesa mais famosa do século XX, fazendo chegar ao grande público o documento mais completo sobre a vida e obra de Carmen Miranda alguma vez publicado.


Como marcoense que sou, não poderia deixar passar esta data (centenário do seu nascimento).

Sobre Carmen Miranda.
Maria do Carmo Miranda da Cunha nasceu a 9 de Fevereiro de 1909, na aldeia de Várzea de Ovelha, concelho de Marco de Canaveses, distrito do Porto.
No entanto, com poucos meses de vida rumou, juntamente com os pais, para o Brasil e ali se fixou e começou carreira. Trabalhou na rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão. Chegou a receber o maior salário até então pago a uma mulher nos Estados Unidos. O seu estilo eclético faz com que seja considerada precursora do tropicalismo, movimento cultural brasileiro surgido no final da década de 1960.
Carmen Miranda, segunda filha do barbeiro José Maria Pinto Cunha e de Maria Emília Miranda, ganhou o apelido de Carmen no Brasil, graças ao gosto que o seu pai tinha por óperas. Pouco depois do seu nascimento, o seu pai, José Maria, emigrou para o Brasil, onde se instalou no Rio de Janeiro. Em 1910, a sua mãe, Maria Emília seguiu o marido, acompanhada da filha mais velha, Olinda, e de Carmen, que tinha menos de um ano de idade. Carmen nunca voltou à sua terra natal, no entanto nunca esqueceu a família que tinha deixado no Marco, presenteando-os regularmente.
Instalado no Rio de Janeiro, José Maria abriu um cabeleireiro, na rua da Misericórdia, vivendo em cima do estabelecimento a sua família. Já no Brasil nasceram mais quatro filhos: Amaro (1911), Cecília (1913), Aurora (1915 - 2005) e Óscar (1916).
Carmen estudou num colégio de freiras de Santa Teresa, e teve o seu primeiro emprego aos 14 anos numa loja de gravatas, e depois numa chapelaria. Contam que foi despedida por passar o tempo a cantar, mas o biógrafo, Ruy Castro, diz que ela cantava por influência da irmã mais velha, Olinda, e que assim atraía clientes. Em 1925, Olinda, acometida de tuberculose, regressou do Brasil, acabando por morrer, em 1931, em Aliviada, Marco de Canaveses, onde foi enterrada.
Para juntar mais algum dinheiro para a numerosa família, a mãe de Carmen passou a administrar uma pensão, servindo refeições para os comerciantes. Em 1926, Carmen, que tentava ser artista, apareceu incógnita numa fotografia na secção de cinema do jornalista Pedro Lima da revista Selecta. Em 1929, foi apresentada ao compositor Josué de Barros, que encantado com o seu talento passou a promovê-la em editoras e teatros. No mesmo ano, gravou na editora alemã Brunswick, os primeiros discos com o samba Não Vá Sim'bora e o choro Se O Samba é Moda. Pela gravadora Victor, gravou Triste Jandaia e Dona Balbina.
O grande sucesso veio a partir de 1930, quando gravou a marcha "Pra Você Gostar de Mim" ("Taí") de Joubert de Carvalho. Antes de terminar o ano já era apontada pelo jornal O País como "a maior cantora brasileira". Em 1933 ajudou a lançar a irmã Aurora na carreira artística. No mesmo ano, assinou um contrato de dois anos com a rádio Mayrink Veiga, tendo sido a primeira cantora de rádio a merecer contrato, quando o estipulado naquela altura era o pagamento por participação. A 30 de Outubro realizava a sua primeira tourné internacional, apresentando-se em Buenos Aires. Voltou à Argentina no ano seguinte para uma temporada de um mês na Rádio Belgrano.
A 20 de Janeiro de 1936, estreou o filme Alô, Alô Carnaval com a famosa cena em que ela e a irmã Aurora Miranda cantam "Cantoras do Rádio". No mesmo ano, as duas irmãs passaram a integrar o elenco do Casino da Urca de propriedade de Joaquim Rolla. A partir de então as duas irmãs dividiram-se entre o palco do casino e excursões frequentes pelo Brasil e Argentina. Depois de uma apresentação em Hollywood para Tyrone Power em 1938, aventou-se a possibilidade de uma carreira nos Estados Unidos. Cármen, que recebia um salário bastante bom no Casino da Urca acabaria recusar a proposta de Power. Em 1939, e após assistir a um espectáculo de Carmen, o empresário Lee Shubert, este assinaria um contrato com Carmen Miranda. Porém, a sua execução não foi imediata, pois a cantora fazia questão de levar o grupo musical Bando da Lua para a acompanhar, coisa que não interessava ao empresário. Depois de voltar para os Estados Unidos, Shubert aceitou a vinda do Bando da Lua. A 29 de Maio Carmen estreia-se no espectáculo musical "Streets of Paris", em Boston, com êxito estrondoso do público e crítica. As suas participações teatrais tornaram-se cada vez mais famosas. No dia 5 de Março de 1940, fez uma apresentação perante o presidente Franklin D. Roosevelt durante um banquete na Casa Branca.
A 10 de Julho de 1940 regressa ao Brasil, onde foi acolhida com enorme ovação pelo povo carioca. No entanto, numa apresentação no Casino da Urca com a presença de políticos importantes do Estado Novo, foi apupada pelos que a consideravam "americanizada". Entre os seus críticos havia muitos que eram simpatizantes de correntes políticas contrárias aos Estados Unidos. Dois meses depois, no mesmo palco, Carmen foi aplaudida entusiasticamente por uma plateia comum. Ainda no Brasil gravou aqueles que foram os seus dois últimos disco no país e respondeu com humor às acusações de ter esquecido o Brasil. A 3 de Outubro, voltou aos Estados Unidos e gravou a marca dos sapatos e mãos na Calçada da Fama do Teatro Chinês de Los Angeles. Entre 1942 e 1953 actuou em 13 filmes em Hollywood e nos mais importantes programas de rádio, televisão, casas nocturnas, casinos e teatros norte-americanos. A Política de Boa Vizinhança, implementada pelos Estados Unidos para buscar aliados na Segunda Guerra Mundial, incentivou a imigração de artistas latino-americanos. Apesar de ter chegado nos Estados Unidos antes da criação da Política de Boa Vizinhança, Carmen Miranda sempre foi identificada como a artista de maior sucesso do projecto.
Em 1946, Carmen era a artista mais bem paga de Hollywood. A 17 de Março de 1947 casa-se com o americano David Sebastian, embora tenha tido romances com vários actores de Hollywood assim com o músico brasileiro Aloysio de Oliveira, que integrava Bando da Lua. Manteve ainda casos com os actores John Wayne e Dana Andrews. O casamento é apontado por todos os biógrafos e estudiosos de Carmen Miranda como o começo da sua decadência física. O seu marido, anteriormente um simples empregado de uma produtora de cinema, tornou-se "empresário" de Carmen Miranda e conduzia mal os seus negócios e contratos. Também era alcoólico e pode ter estimulado Carmem Miranda a consumir bebidas alcoólicas, das quais ela acabaria por se tornar dependente. O casamento entrou em crise já nos primeiros meses, mas Carmen Miranda não aceitava o divórcio pois era uma católica convicta. Engravidou em 1948, mas sofreu um aborto espontâneo depois de uma apresentação.
Para dar resposta à sua extenuante agenda, Carmen abusa cada vez mais barbitúricos.em vista ao Brasil em 1954, o seu médico brasileiro constatou a dependência química e tentou desintoxicá-la. Ficou quatro meses internada melhorando a sua dependência, embora nunca tenha abandonado totalmente as drogas, o álcool e o tabaco.
Ligeiramente recuperada, regressa aos Estados Unidos a 4 de Abril de 1955. Imediatamente começou com as apresentações que a levariam a Cuba e Las Vegas. No início de Agosto, Carmen gravou uma participação especial no programa televisivo do comediante Jimmy Durante. Durante um número de dança, sofreu um ligeiro desmaio, desequilibrou-se e foi amparada pelo apresentador. Na mesma noite, recebeu amigos na sua casa em Beverly Hills. Por volta das duas da manhã, após beber e cantar algumas canções para os amigos presentes, Carmen subiu para o quarto para dormir. Acendeu um cigarro, vestiu um robe, retirou a maquilhagem e caminhou em direcção à cama com um pequeno espelho à mão. Um colapso cardíaco fulminante derrubou-a sobre o chão. O seu corpo foi encontrado pela empregada na mesma noite. Tinha 46 anos.
Funeral e consagração no Brasil
Aurora Miranda recebeu na mesma madrugada um telefonema do marido de Carmen avisando-a sobre o falecimento. Aurora Miranda passou então a notícia para as emissoras de rádio e jornais. A 12 de Agosto de 1955, o seu corpo desembarcou de um avião no Rio de Janeiro. Sessenta mil pessoas compareceram ao seu funeral, realizado no saguão da Câmara Municipal da então capital federal. O cortejo fúnebre até o Cemitério São João Batista foi acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam esporadicamente, em surdina, "Taí", um dos seus maiores sucessos.
Centenário de Carmen Miranda assinalado em Marco de Canaveses
Como não poderia deixar de ser, o aniversário da marcoense Cármen Miranda vai ser assinalado na sua terra natal. A Câmara Municipal do Marco vão organizar uma série de iniciativas, que começarão hoje, dia 9 de Fevereiro, data do seu nascimento até ao dia da sua morte, dia 5 de Agosto.
Destaque para a Conferência do Marco: “Carmen Miranda… do Marco de Canaveses para o Mundo”, a ter lugar no Auditório Municipal, pelas 21 horas.
in Wikipédia

Única prima viva em Portugal recorda artista como mulher generosa
Carmen Miranda ainda é recordada, em Marco de Canaveses, pela única familiar viva residente em Portugal.
Em entrevista à Lusa, Maria da Graça, de 85 anos, recorda a generosidade de Cármen Miranda: « “Lembro-me do dinheiro e das roupas que mandava para cá".
Mas confessa, também, que nunca viu qualquer filme que tenha a prima como protagonista, nem sequer imagens na televisão. "Nesse tempo eu vivia para criar os meus filhos", justificou-se, apesar de se dizer uma pessoa muito alegre, como a "prima brasileira"». Na mesma entrevista Maria da Graça, 15 anos mais nova do que a Carmen, revela que nunca conheceu a prima famosa, «porque esta, após ter partido para o Brasil, em 1910, apenas com um ano de idade, nunca mais voltou a Portugal. Chegou, no entanto, a conhecer a mãe de Carmen, sua tia direita, que chegou a vir a Portugal (Marco de Canaveses) duas vezes. "Eu era pequena, mas lembro-me bem, porque ficou na minha casa", explicou a idosa. Carmen nunca regressou à terra onde nasceu, mas terá transmitido várias vezes aos familiares marcoenses que gostava de o fazer. Nas cartas que mandava regularmente do Brasil e mais tarde dos Estado Unidos, além do dinheiro, deixava palavras de estima aos tios e primos. […] Maria da Graça reside hoje numa casa não muito distante da pequena habitação onde nasceu Carmen. […] Das músicas que celebrizaram Carmen, soube falar, não hesitando em cantarolar a sua canção preferida, "Taí - Pra Você Gostar de Mim". Sempre com uma expressão muito viva, lembrou até o dia em que um tio trouxe de Brasil uma grafonola e uma colecção de discos da Carmen, que foram ouvidos vezes sem conta lá em casa.

Pode ser recordada no Youtube

Pode ainda ver a notícia do DN

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