domingo, 12 de setembro de 2010

A Virgem das Amêndoas - Marina Fiorato [Opinião]

Título: A Virgem das Amêndoas
Autor: Marina Fiorato
Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 288
Editor: Porto Editora
PVP: 16,66€


Sinopse:
Na Itália do século XVI, o jovem pintor Bernardino Luini, discípulo favorito do mestre Leonardo da Vinci, é encarregado de pintar um fresco religioso na igreja de Saronno, uma pequena localidade nas colinas da Lombardia. Ao entrar na igreja, a sua atenção é captada pela beleza e pela melancolia da jovem Simonetta, viúva de um poderoso senhor feudal morto em combate.

Sozinha e a ver a sua fortuna desaparecer até não restar nada mais a não ser as amendoeiras da sua villa, Simonetta acede a posar como modelo para Luini, que a imortalizará para sempre nos frescos da igreja como a Virgem di Saronno. À medida que o trabalho progride, artista e modelo apaixonam-se, selando o sentimento com um beijo que escandalizará a Igreja.
À genialidade com que Bernardino imortalizará a sua musa, Simonetta retribui com a criação da sua própria obra de arte: um licor especial fabricado com o fruto das suas amendoeiras. O licor ficará conhecido, até aos dias de hoje, como o famoso Amaretto di Saronno.
Contudo, antes de ambos completarem as suas obras, a relação é fortemente abalada por um acontecimento que porá em perigo aquele amor. E as suas vidas.
Uma inesquecível história de paixão e arte que se desenrola tendo como pano de fundo uma Itália Renascentista, onde a intriga, os escândalos, a guerra e a intolerância religiosa imperavam no dia-a-dia.

A minha opinião:
A Virgem das Amêndoas retrata, sobretudo, a vida da jovem Simonetta di Saronno desde que ficou viúva de Lorenzo, que morreu em combate. Com a morte do seu marido, Simonetta descobre que está completamente falida visto que Lorenzo havia gasto praticamente todo o dinheiro de ambos para equipar os cavalos e soldados para a guerra. Sozinha, vê-se impotente para pagar todos os gastos inerentes a uma casa enorme, com imensa criadagem e começa a acumular dívidas a criados e comerciantes.
Depois de ter vendido jóias e mobiliário Simonetta não vê outro recurso senão recorrer a Manodorata, um judeu. A jovem pensava que os judeus eram criaturas das trevas, possuíam rosto de um diabo e corpo de um urso. Quando se deparou com o judeu ficou admirada ao ver que era uma pessoa exactamente igual a ela. No entanto, o judeu aconselhou-a a procurar uma forma de ganhar algum dinheiro. E é aí que contacta Bernardino Luini, um pintor discípulo de Leonardo da Vinci, contratado pelo pároco da pequena localidade onde Simonetta habita, Saronno, para pintar um fresco religioso na igreja local.
Logo que a vê, Bernardino convida-a para servir de modelo para retratar a Virgem. Sem outra alternativa Simonetta decide aceitar o convite.
No entanto, depressa o amor entre eles extravasa tudo e beijam-se precisamente no dia faz um ano que o marido de Simonetta morreu. Sem que se apercebam o único criado da jovem vê-os a beijarem-se a faz com que toda a gente saiba na cerimónia de apresentação do trabalho de pintura de Bernardino, que tem de fugir dos “capangas” do Cardeal que o querem apanhar. Ao abrigo do pároco local este aconselha-o a fugir para Milão e é lá que ele se refugia, apesar de pensar constantemente no amor de Simonetta.
Nos momentos de solidão Simoenetta encontra um antigo alambique de onde era feito uma espécie de aguardente de amêndoas. Começa a explorar o sabor e a modificá-lo, melhorando a textura e o paladar e inventa o licor, célebre ainda nos dias de hoje Amaretto di Saronno.
Por outro lado, temos a jovem Amaria que descobre um homem em muito mau estado e, juntamente com a sua mãe adoptiva a quem trata por nonna por esta ter efectivamente idade para ser sua avó do que sua mãe, decide trazê-lo para casa para cuidar dele. Quando começa a sarar dos seus ferimentos, talvez provocados pela guerra, que tinha vitimado o único filho de Nonna, o homem a quem chamaram Selvaggio não fala, nem escreve, sofrendo de uma espécie de amnésia, já que nem sequer sabe nada do seu passado.
O livro retrata ainda momentos da bíblia como ensinamentos para a vida no presente das personagens e por forma a que Bernardino consiga retratar fidedignamente os seus frescos. No entanto, apesar de contar a história cristã, Bernardino coloca em todas as santas a cara da sua amada. Os maus tratos aos judeus também estão por demais evidentes, relatando as circunstâncias por que passaram muitos dos judeus na altura da Inquisição.
Gostei de “A Virgem das Amêndoas” se bem achei que em algumas partes a autora divagou um pouco tornando, por momentos, a sua leitura um pouco chata. Além disso, achei que podia explorar melhor a história do licor de amêndoas que ficou um pouco perdida na história amorosa das personagens.

Excertos:
“Para a minha raça, a tolerância é um dia sem um osso partido. Um dia em que chegamos a casa e ela não está em chamas. Um dia em que os nossos filhos e as nossas mulheres podem andar pela rua em paz sem serem profanados.”

1 comentário:

Célia Ferro disse...

Li este livro há uma semana e gostei imenso

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