quinta-feira, 14 de março de 2013

As Esganadas - Jô Soares [Opinião]

Título: As Esganadas
Autor:
Jô Soares
N.º de Páginas: 264

Rio de Janeiro, 1938. Um perigoso assassino anda à solta nas ruas. O alvo: mulheres jovens, bonitas e gordas. A arma: irresistíveis doces portugueses. Para investigar os crimes, o famigerado chefe de polícia Filinto Müller designa uma trupe hilariante: um delegado sempre rabugento, assessorado por um auxiliar obtuso e medroso, e que contará com a ajuda de um ex-inspetor lusitano muito bem relacionado. Os três serão também acompanhados por uma repórter e fotógrafa corajosa e dinâmica, interessada em cobrir o caso para a imprensa. Com a verve que lhe é característica, Jô Soares consegue neste romance realizar a façanha de narrar uma série de crimes brutais e deixar o leitor com um sorriso satisfeito nos lábios.


A minha opinião:


Mais uma vez fiquei rendida à escrita de Jô Soares. Desde que peguei para ler Assassinatos na Academia Brasileira de Letras que tive de comprar os outros dois livros do autor à venda em Portugal. Portanto, quando tive oportunidade de ler As Esganadas não consegui resistir e li-o logo que pude.

Num Rio de Janeiro de 1938 repleto de eventos culturais muito diversificados, desde ópera até teatro de revista portuguesa um assassino anda à solta. Um misterioso caso que leva a que a polícia brasileira tenha um ajudante à altura: um ex-polícia português que se estabeleceu no Brasil após ter sido demitido da polícia lusa por se ter envolvido na falcatrua realizada entre o mago inglês Aleister Crowley e o poeta Fernando Pessoa (poeta de eleição de Jô).

Desde o início que sabemos a identidade do assassino, mostrando de uma perspectiva diferente o modus operandi e dos motivos que o levam a matar apenas mulheres e gordas...

A ironia é uma constante, assim como a clara necessidade de Jô em colocar a trama num contexto histórico que, apesar de não ser completamente relevante para a narrativa, é interessante no aspecto cultural.

O facto de o principal investigador ser português, Tobias Esteves, e dos assassinatos serem executados sob o aspecto de esganamento por afrontamento de comida portuguesa faz com que ainda me prendesse mais ao livro.

É certo que gostei mais dos outros, mas gosto do sentido crítico de Jô, das comparações Portugal-Brasil, da época retratada, do facto do assassino ter uma predilecção por gordas...

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