segunda-feira, 22 de julho de 2013

Livro - José Luís Peixoto [Opinião]

Título: Livro
Autor:
José Luís Peixoto
Editora: Quetzal
N.º de Páginas: 264

Este livro elege como cenário a extraordinária saga da emigração portuguesa para França, contada através de uma galeria de personagens inesquecíveis e da escrita luminosa de José Luís Peixoto. Entre uma vila do interior de Portugal e Paris, entre a cultura popular e as mais altas referências da literatura universal, revelam-se os sinais de um passado que levou milhares de portugueses à procura de melhores condições e de um futuro com dupla nacionalidade. Avassalador e marcante, Livro expõe a poderosa magnitude do sonho e a crueza, irónica, terna ou grotesca, da realidade. Através de histórias de vida, encontros e despedidas, os leitores de Livro são conduzidos a um final desconcertante onde se ultrapassam fronteiras da literatura.

A minha opinião: 
"A mãe pousou o livro nas mãos do filho", assim começa a história de Livro, nome de obra e nome da personagem principal, que transporta os leitores para a realidade da emigração portuguesa nos anos 60, a vida numa pequena vila portuguesa, das gentes, da ruralidade em comparação com a vida mundana de Paris.

Com início em 1948,  vivenciamos o drama de Ilídio, um pequeno rapazito que espera numa noite fria e solitária pelo regresso de uma mãe que o abandona à sua sorte e parte para nunca mais voltar. Um rapaz que se fez homem, que batalhou em busca de um sonho, de um grande amor.

É com Ilídio que conhecemos as peripécias dos muitos portugueses que decidem abandonar a sua terra, partindo para um destino melhor, mais desenvolvido, sujeitando-se a tudo e mais alguma coisa para amealhar o mais possível para um dia mais tarde regressarem à sua verdadeira casa.

Mas é na pequena vila que surgem as personagens importantes, desde a velha Lubélia, determinante na relação de Ilídio e Adelaide, a própria Adelaide, Josué, Cosme, Galopim, tudo personagens com características bem marcadas e que povoam o nosso imaginário de pessoas que fomos conhecendo também nas nossas próprias vivências, sobretudo aqueles que também viveram em pequenas localidades nalguma altura das nossas vidas, como foi o meu caso.

Apesar de um pouco maléfica, gostei de Lubélia e da sua história, gostei de Galopim, um jovem tonto, mas com uma grande responsabilidade, e gostei do amor das personagens centrais.


Depois de Morreste-me, este Livro soou-me, em várias partes, a livro autobiográfico. Tal como o protagonista também José Luís Peixoto nasceu em 1974, também ele viveu numa pequena localidade do país, também os pais dele foram emigrantes, o que ajudou a enriquecer mais esta obra magnífica.

Não é, pois, de estranhar que este romance tenha ganho o Prémio Salerno Libro d'Europa.

Estou definitivamente rendida a José Luís Peixoto.

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