quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A Sentinela - Richard Zimler [Opinião]

Título: A Sentinela
Autor:
Richard Zimler
Tradução: José Lima
Págs.: 424
PVP: 16,60 €


Sobre A Sentinela:
6 de julho de 2012. Henrique Monroe, inspetor-chefe da Polícia Judiciária, é chamado a um luxuoso palacete de Lisboa para investigar o homicídio de Pedro Coutinho, um abastado construtor civil. Depois de interrogar a filha da vítima, Monroe começa a acreditar que Coutinho foi assassinado ao tentar defender a perturbada adolescente do violento assédio sexual de algum amigo da família. Ao mesmo tempo, uma pen que o inspetor descobre escondida na biblioteca da casa contém alguns ficheiros com indícios de que a vítima poderá também ter sido silenciada por um dos políticos implicados na rede de corrupção que o industrial montara para conseguir os seus contratos.
Tendo como pano de fundo o Portugal contemporâneo, um país traído por uma elite política corrupta, que sofre sob o peso dos seus próprios erros históricos, Richard Zimler criou um intrigante policial psicológico, com uma figura central que se debate com os seus demónios pessoais ao mesmo tempo que tenta deslindar um caso que irá abalar para sempre os muros da sua própria identidade.

A minha opinião:
A Sentinela não é um policial comum: o protagonista não é o assassino, nem vítima, mas simplesmente O inspector Henrique Monroe e o seu alter ego: Gabriel, ou Sentinela.

O assassinato de um empresário da construção civil, abastado e com grandes influências por parte da classe política levam à cena do crime o inspector Monroe e Lucy, polícia que investiga, pela primeira vez, este género de crime.

Espantado e até admirado com este crime violento, Monroe logo suspeita que o crime principal poderá esconder um outro crime mais grave ainda. Empresário rico, Pedro Coutinho foi somando inimigos devido aos subornos sucessivos, à corrupção, mas depois de esmiuçar a cena do crime, Monroe não chega a nenhuma conclusão óbvia.

Paralelamente à investigação surge a vida pessoal, passado e presente, de Monroe. Originário de Colorado, EUA, Henrique Monroe veio para Portugal com 14 anos, acompanhado do irmão, Eric, quatro anos mais novo.O passado ensombra os dois irmãos, que não conseguem ver-se livres dele. A violência que sofriam por parte do pai, psicológica e física, a morte da mãe, vai fazer com que se Eric se torne praticamente num eremita e Monroe crie um transtorno de identidade dissociativa que o faz "fugir" da realidade por momentos surgindo o seu alter ego Gabriel. É a sentinela que o vai ajudar a descobrir o crime (ou crimes), lançando-lhe pistas cruciais para o desfecho final.

Importante na narrativa é também a harmonia familiar que Monroe tem com a mulher e os dois filhos, pouco habitual em livros do género.

Com alguma semelhanças com o próprio autor (Zimler é americano e veio para o nosso país em 1990), Monroe ainda me cativou mais.

A Sentinela mostra muito da realidade portuguesa, da corrupção nas altas esferas da sociedade e da política, do "medo" da própria polícia em avançar com certas descobertas macabras, da crise...

Esta foi a minha estreia nos livros de Richard Zimler e, confesso, tardia, mas que não vai ficar por aqui. O próximo a ler do autor será "O Último Cabalista de Lisboa".

Excerto:
"Ser pai é para mim uma constante surpresa. Provavelmente porque tudo parece passar demasiado depressa." 








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