quarta-feira, 9 de abril de 2014

Guerra & Paz faz oito anos


A editora Guerra e Paz editores completa amanhã 8 anos. Aqui fica a breve história:
Na tarde do dia 10 de Abril de 2006, no Auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian, estando na mesa como convidados, entre outros, João Bénard da Costa, Maria Filomena Mónica e Maria Andresen Sousa Tavares, nasceu a Guerra e Paz editores. Os primeiros livros apresentados nessa sessão eram a «Correspondência» de Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner e «Fama e Segredo na História de Portugal», de Agustina Bessa-Luís. Ao lado do editor Manuel S. Fonseca, Agustina devia ter presidido a essa sessão, mas um problema de saúde forçou a que a sua amiga Inês Pedrosa a substituísse. Agustina não voltou a recuperar e foi esse o último livro que escreveu para a Guerra e Paz.

Uma editora é uma casa de histórias. Um lugar de drama, por vezes de comédia, um lugar de conversa e um lugar de pensamento. Tudo isso, ao longo de oito anos, foi também a Guerra e Paz Editores. Já publicou Eça, Camilo, Camões e Pessoa. Como já publicou algumas das correspondências de Jorge de Sena. No seu arranque, a editora viveu sobretudo de desafios. Convidou, por exemplo, Eduardo Prado Coelho para fazer uma radiografia dos símbolos cultos ou populares que são uma marca da identidade portuguesa. Nasceu assim «Nacional e Transmissível», um livro surpreendentemente confessional, delicadamente íntimo, o livro em que Eduardo Prado Coelho se despede, tranquilo, irónico, sedutor, da vida e de Portugal.

Houve fracassos e sucessos. O maior de todos, com vendas que atingiram os 170 mil exemplares, foi «Maddie, A Verdade da Mentira», da autoria do inspector Gonçalo Amaral. Hoje, a colecção mais popular da editora é o «Clube do Livro SIC», uma colecção que combina testemunhos, livros de entrevistas e de auto-ajuda, romances.

A Guerra e Paz é uma casa de histórias, mas é também uma casa de reflexão. Os seus «Livros Politicamente Incorrectos» andam à procura de leituras controversas da História, da actualidade e das artes portuguesas. É uma colecção onde se escreve hoje o que se há-de pensar amanhã.

Numa colaboração com a SPA, criou-se «o fio da memória», uma colecção que quer registar, contra o esquecimento, pela palavra dos próprios, vidas e obras que marcaram Portugal, como seja o caso dos livros de e sobre Eduardo Lourenço e Cruzeiro Seixas. Esta é a Guerra e Paz Editores, que acabou de publicar «Portugal, A Economia de uma Nação Rebelde», de José Manuel Félix Ribeiro, e vai já publicar, a seguir, «Retratos de Camões», de Vasco Graça Moura.


Com Manuel S. Fonseca, trabalham Tânia Raposo, na área editorial, Ilídio Vasco, na área de design gráfico, José Cardoso, na área financeira, Américo Araújo, na área comercial, Vânia Custódio, na comunicação, e Carla Castela, na área administrativa. Todos juntos, dão corpo a uma pequena editora portuguesa, independente, distribuída pela VASP, com parcerias com a SIC e a SPA. Três accionistas apenas: Manuel Fonseca, António Parente através da Madre SGPS, e Abílio Nunes. É esta a Guerra e Paz. Com oito anos, 294 títulos publicados, porque é preciso virar a página. Dizem em comunicado.

O Marcador de Livros endereça os parabéns a esta ainda jovem editora, mas que tem vindo a publicar livros que ficarão na memória e nas bibliotecas dos seus leitores.


 A Guerra e Paz faz a festa com a reedição, em novos formatos ou com alterações gráficas e acrescentos, de dois dos mais prestigiantes títulos do seu catálogo.

A «O Livro de Agustina», a única autobiografia da maior escritora portuguesa, aliamos a reedição de «As Meninas», um livro precioso onde a escrita de Agustina Bessa-Luís encontra a pintura de Paula Rego. Dois livros lindos que são dois estimáveis objectos para coleccionadores, para bibliófilos. Mas dois livros, também, com uma escrita fulgurante: n’ «As Meninas», Agustina transforma Paula Rego numa das suas personagens, atacando-lhe os segredos, as suas coisas proibidas, as suas conspirações; n’«O Livro de Agustina», Agustina ficciona as suas próprias vivências, em trechos tão deliciosos como este:
“Nessa altura já me chamavam a eremita de Esposende. Estava a tornar-me típica e, além disso, a ficar bronzeada. Detesto apanhar sol, partilho aquele preconceito que a própria Sulamita confessou, que era o ser morena. Não se é Bessa Leite sem motivo.”

Sobre As Meninas:
O texto de Agustina Bessa Luís é espantoso. Belíssimo.
Francisco José Viegas

… chega-me o soberbo livro de Agustina Bessa-Luis sobre alguns quadros de Paula Rego intitulado As Meninas… livro de iniciação: às vezes esquecemo-nos de que Agustina é uma feiticeira… Maria Elisa

É aí que Agustina entra. E parecendo que não, como ficcionista consumada, mais do que interpretar as personagens acaba, afinal, por fazer de Paula Rego também uma personagem. Vasco Graça Moura




Sobre O Livro de Agustina:
E acho que o texto está muitíssimo bem adaptado àquele grafismo. Acho que é um belo livro. Agustina, ela-própria sobre a primeira edição deste livro

O Livro de Agustina. A escritora escreveu o texto, deu as fotografias do seu arquivo pessoal. Não é uma fotobiografia. O que é? Um acompanhamento. Como numa procissão. Tereza Coelho

… um belo livro sobre uma personagem extraordinária – e uma meditação sobre a vida que Agustina aceita descrever. Francisco José Viegas





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