quarta-feira, 11 de junho de 2014

Firmin - Sam Savage [Opinião]

Título: Firmin
Edição Especial
Autor: Sam Savage
Edição/reimpressão: 2014
Páginas: 208
Editor: Editorial Planeta
PVP: 14,95€

Sinopse:
Nascido na cave da Pembroke Books, uma livraria da Boston dos anos 60, Firmin aprendeu a ler devorando as páginas de um livro. Mas uma ratazana culta é uma ratazana solitária.
Marginalizado pela família, procura a amizade do seu herói, o livreiro, e de um escritor fracassado.
À medida que Firmin desenvolve uma fome insaciável pelos livros, a sua emoção e os seus medos tornam-se humanos. É uma alma delicada presa num corpo de ratazana e essa é a sua tragédia.
Num estilo ora sarcástico ora enternecedor, Firminé uma história sobre a condição humana em que a paixão pela literatura, a solidão e a amizade, a imaginação e a realidade, fazem parte de um mundo que acarinhava os seus cinemas de reprise, os seus personagens únicos e a glória amarelada das suas livrarias. Firmin é divertido e trágico. Como todos nós.


A minha opinião:
Graças à oferta da Planeta pelos seus 5 anos, tive oportunidade de ler Firmin. Realmente não entendo que, sendo eu como um rato de biblioteca, Firmin me tenha passado completamente ao lado, no momento em que saiu.

Desde que nasceu que Firmin foi colocado à margem da família. 13.º filho de Mama, no universo animal sempre vigora a lei do mais forte, e sendo Firmin um rato mais dado às artes, frágil e vivendo no seu próprio mundo, a ele eram destinados apenas os restos de leite que os seus irmãos, já cheios, não queriam beber. Só depois das barrigas cheias dos seus irmãos, é que lá ir Firmin beber o que sobrava e isso chegava para a sua sobrevivência. Melhor ainda, a sua mãe era alcoólica, e como Firmin ficava para último, pouco restava de álcool no leito, levando-o a uma vida sem vícios, contrariamente à dos seus irmãos.


Nascido no sótão de uma livraria, a Pembroke Books, Firmin depressa ganha hábitos de leitura. Primeiro começa por devorar, literalmente, os livros que apanha pelo caminho, mas depressa vê que há coisas mais úteis que se podem fazer com os livros e torna-se num apaixonado pela leitura. Vive intensamente a vida naquela livraria, que visiona através de um buraco no tecto.

Através de Firmin, Sam Savage mostra todos os aspectos da condição humana, desde a solidão, dos problemas sociais, do dia a dia de uma pequena localidade, de um escritor cujos livros não são vendáveis, mas que tem em Firmin um seguidor assíduo.

Os arredores de Boston são tão bem retratados por Savage, que conta uma história verídica na história de Firmin. Relatos de um antigo teatro que ardeu, de um cinema em decadência que ao final do dia passava filmes pornográficos (um dos passatempos preferidos de Firmin), de ruas onde a prostituição é uma realidade, e uma livraria cada vez com menos clientes.

Muito bom.



Excerto:
"Amigo, dado o fosse que separa as tuas experiências das minhas, o mais que te posso fazer para te dar uma ideia desse sabor singular é dizer que, de uma maneira geral, os livros sabem ao cheiro do café." - pag. 69



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