quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Os Maus da História de Portugal - Ricardo Raimundo [Opinião]

Título: Os Maus da História de Portugal
Reis cruéis, traidores, mulheres fatais, assassinos e gente de má rês…
Autor: Ricardo Raimundo
Edição/reimpressão: 2014
Páginas: 280
Editor: A Esfera dos Livros
PVP: 16€

Sinopse:
A história costuma exaltar os grandes nomes da nação, as figuras que marcaram uma época, os heróis que venceram batalhas e conquistaram novos mundos, os reis que serviram o nosso país com dedicação… Pois, ao longo destas páginas, o que vai encontrar são os maus da nossa história. Os reis cruéis de temperamento violento, os assassinos sem escrúpulos, os homens que a troco de uma vil recompensa não hesitaram em trair o país, as mulheres fatais que enfeitiçaram os homens de poder, levando-os à perdição, os ambiciosos e gananciosos que não olharam a meios para atingir os seus fins, e todo o tipo de gente de má rês… Ricardo Raimundo, autor de Os Escândalos da Monarquia Portuguesa e Vidas Surpreendentes, Mortes Insólitas da História de Portugal, volta a surpreender-nos com este livro original, onde ficamos a conhecer o outro lado de algumas das personagens marcantes da História da Portugal.
O rei D. Pedro I tinha um génio violento, D. João II, o Príncipe Perfeito, tinha um lado negro, tendo assassinado, pelo seu próprio punho, o seu cunhado, irmão da rainha. Vasco da Gama levou o nome de Portugal ao outro lado do Mundo, mas os seus feitos violentos e personalidade colérica são pouco conhecidos. O infante D. Francisco, irmão do rei D. João V, era, segundo as crónicas, «um sujeito muito mau». Quem era a Megera de Queluz, perversa, ambiciosa e ninfomaníaca? Fernão de Magalhães pôs-se ao serviço de Espanha por apenas cem réis de diferença. Diogo Alves, o assassino do aqueduto, os regicidas Buíça e Costa e o temido João Brandão são alguns dos malfeitores que vai ficar a conhecer nas páginas deste livro surpreendente.

A minha opinião:
Ricardo Raimundo tem a particularidade de evocar aspectos da história de Portugal menos conhecidos. Ou porque não se sabe muito sobre eles, ou então, porque determinada história não evidencia os portugueses, pelo que não interessa tanto relatar. No entanto, é isso que gosto nos livros deste autor.

Dividido em cinco partes (Seres Perversos e cruéis; Assassinos; Mulheres Fatais, Causadoras da Desgraça; Traidores; Ambiciosos/Irrequietos), o livro torna-se bastante interessante à medida que vamos lendo sobre as mentes pérfidas dos mais ilustres portugueses.

Algumas histórias já são sobejamente conhecidas, mas outras surpreenderam-me, tanto pela perfídia como com o facto das suas histórias não terem sido muito exploradas antes.

A história é sempre feita sob os olhos de quem a vê. E isso é que a torna ainda mais interessante. Por exemplo, D. João II é visto como um dos piores reis portugueses para alguns historiadores pela série de atrocidades que cometeu como perseguições, assassinatos. Contudo, outros historiadores vêem-no como uma pessoa cujos fins justificam os meios, tendo "arrumado" a casa, acabando com os abusos eclesiásticos e dos nobres. O mesmo acontece com Marquês de Pombal: amado por uns, odiado por outros.

O que é certo é que muitos dos soberanos portugueses tinham problemas mentais e físicos, frutos de uniões consanguíneas, o que poderá justificar alguns dos actos atrozes que cometeram. D. Afonso VI é disso exemplo. Com limitações físicas e psíquicas era propenso a más companhias, violento , obsceno, lascivo, impotente... Filho de D. João IV e D. Luísa de Gusmão, não tinha sido talhado para ser rei, mas uma doença fatal no primogénito leva-o ao trono. Mas era uma pessoa muito má.

D. Pedro IV era um mulherengo e tinha um comportamento violento tanto com as mulheres como com outros que o rodeavam. Porém, foi o rei que esteve na liderança do movimento independentista que dará o famoso grito do Ipiranga, declarando a independência do Brasil.

Mas não é só de reis e nobres que trata o livro de Ricardo Raimundo. Luísa de Jesus foi a que mais me impressionou. Assassina em série do séc. XVIII, matou mais de 30 bebés a troco de dinheiro. Uma mulher com pouco mais de vinte anos que se dirigia à roda, local onde as pessoas deixavam os filhos recém-nascidos para serem adoptados, e a troco de 600 réis encarregava-se de um bebé para tomar conta dele. Fez isso mais de 30 vezes até ser descoberta. Luísa seria a última mulher condenada à morte em Portugal.

De uma forma simples, agradável e com histórias curtas, Ricardo Raimundo conta os crimes que cometeram 35 maus da histórias de Portugal.

Recomendo!


 Opinião de outro livro do autor aqui



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