quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

O Que Fazem Mulheres - Camilo Castelo Branco [Opinião]

Título: O Que Fazem Mulheres
Autor:
Camilo Castelo Branco
N.º de Páginas: 224
PVP: 15,50 €
Género: Ficção/Literatura Portuguesa
Guerra e Paz Editores

Sinopse:
Escrito como paródia aos folhetins românticos, O Que Fazem Mulheres começa com um diálogo entre mãe e filha: a primei­ra tenta convencer a segunda a casar-se por dinheiro e não por amor.

Esta é a história de Ludovina, uma jovem bela, de origem fidalga, mas sem dote que lhe possa arranjar marido. Sem intenções sérias, namora-a Ricardo de Sá, ambíguo «homem fatal», que dela diz esta frase desonrosa: «Lisonjeia um aman­te, mas não pode satisfazer as complicadas necessidades dum marido.» E há outro homem, João José Dias, regressado do Brasil, muito rico, muito velho, muito gordo.

Esta é, afinal, a história em que o fortuito arremesso de um charuto desencadeia excessos emocionais, nos quais en­contraremos, como Camilo anuncia, «bacamartes e pistolas, lágrimas e sangue, gemidos e berros, anjos e demónios».

Publicado em 1858, O Que Fazem Mulheres é um «romance fi­losófico», no sentido em que dele se podem retirar lições, por meio de máximas que exprimem uma filosofia da vida ou que proclamam ideias gerais sobre os dramas e os sentimentos do ser humano.

A minha opinião: 
O Que Fazem Mulheres trouxe-me novamente as leituras de Camilo Castelo Branco. Li quase toda a obra de Camilo ainda na adolescência quando a biblioteca da cidade onde vivi pouca oferta tinha que não os clássicos. Pode ser pouco, porque de facto novidades não tinha praticamente nenhumas, e os leitores ávidos também gostam, sobretudo, de ler os livros que estão a sair no momento, mas isso deu-me a possibilidade de ler os clássicos. Assim, devorei tudo o que tinha a biblioteca desde Eça, Torga, Júlio Dinis, completando com muitos dos livros que os meus pais tinham em casa também. Mas o que eu mais gostava de ler naquela altura era Camilo. E mesmo aí a biblioteca tinha falhas, ou então eu passei a interessar-me por outras leituras porque acabei por não ler tudo o que tinha de ler do autor. 

Esta edição de Guerra & Paz saltou-me logo à vista. Primeiro porque tenho estado atenta a esta coleção, que é magnífica, as capas são brilhantes e, não sei se tem acontecido nos anteriores livros, mas aqui a editora teve a preocupação em "satisfazer as vontades de Camilo" e imprimir o prólogo como um encarte assim como encaixar um capítulo não numerado entre os capítulos XIV e XV intitulado «Cinco páginas que é melhor não se lerem.» 


De facto, para quem não leu uma destas obras porque além de serem clássicos, a edição é linda. Feliz ou infelizmente já li (e tenho) as outras obras que já figuram da coleção, Os Maias e A Cidade e as Serras, ambas de Eça de Queirós, senão teria um gosto enorme em comprá-las. Ficariam lindos, os três.

Voltemos à obra.
Camilo é sublime no que toca à crítica social de época. Naquele tempo, (sec. XIX,) era prática comum os pais arranjarem os casamentos, um matrimónio que deixasse as filhas numa situação boa, já que a maioria das mulheres não trabalhava. Logo, o amor era relegado para segundo plano. A sátira é que a mãe da jovem, tão cheia de moralismos, mostrando que o ideal era mesmo a filha casar com um homem rico que o amor vem depois, é uma mulher que não pensa realmente dessa forma, o que se vai descobrindo ao longo da narrativa. 

Os diálogos entre as personagens Ludovina e a sua mãe são hilariantes, e no que toca ao amor D. Angélica tem sempre uma boa filosofia: "- Isso é romance, menina. Nunca é feliz com uma vestido de chita a mulher que tem amigas com vestido de seda."Assim convence a filha a casar com um homem rico, que fez fortuna no Brasil, mas muito feio, velho, gordo, cujo ciúme doentio vai deitar tudo a perder.

Que saudades tinha de um livro assim!


 


1 comentário:

Jardim de Mil Histórias disse...

Olá!
De facto estas edições são lindíssimas!
E Camilo Castelo Branco é fantástico!
Beijinhos e boas leituras

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