quarta-feira, 9 de março de 2016

Novidade Vogais: Baluartes: Episódios de Uma Vida com Banda Sonora - Diogo Lopes

Título: Baluartes: Episódios de Uma Vida com Banda Sonora
Autor: Diogo Lopes
Páginas: 208
Editor: Vogais
PVP: 15,49€
O Diogo Lopes tem dezasseis anos e uma família que o adora.
É pianista e poeta. Estuda Composição no Conservatório Nacional.
E sofre da doença de Charcot-Marie-Tooth, uma enfermidade neuromuscular degenerativa, rara e incurável.
A sua condição delicada provoca atrofia muscular, deformação óssea e perda de sensibilidade. Se no presente o seu equilíbrio já está afectado, no seu futuro está em causa a sua autonomia.
Quem já o viu na televisão portuguesa sabe que o Diogo tudo fará para continuar a tocar piano, estudar música e sorrir. Este livro é o seu testemunho, sentido, poético e emocionante, sobre a possibilidade de se ser feliz apesar dos obstáculos que a vida, por vezes, nos impõe.

«A maturidade do Diogo é inexplicável e quase inquietante. O que sabe ele da vida para saber tanto sobre ela? Para a descrever assim, com essa minúcia quase obsessiva de detalhes e conclusões lúcidas e inesperadas? É óbvio que muito vem da educação, da solidez do amor familiar e também das suas desilusões, da sua atenção nata pelo mundo e os seus pequenos movimentos. E depois, parte ainda mais importante, pela consciência crescente da sua doença e das suas consequências, e da sua progressão lenta mas implacável, como um futuro que se forma lá muito à frente, uma nuvem distante, e que no entanto nos suga e nos repele e nos fica próxima de repente. Foi tudo tão depressa.
"Adoro contar histórias", escreve quase logo ao início. E talvez seja essa a chave, um código de poucos números, do seu notável ímpeto narrativo e da sua inspiração, ao ir ter com aquilo que nos move a todos nós: contem-nos uma boa história que tenha a ver connosco. Com todos nós, se possível. Esta tem.» SÉRGIO GODINHO músico

«É este o jovem cheio de espírito que conheço desde Março de 2015. A sua genealogia artística provém mais da admirável linhagem da Torre e Honra d’Aqueles Que Escrevem Cada Nota Que Pensam. O Diogo assim permanecerá — quer como escritor, quer como compositor —, livre, igual a si próprio, inteiro e limpo, em sintonia com o famoso dito de Orson Welles: "I passionately hate the idea of being with it; I think an artist has always to be out of step with his time." O Diogo opera essa maravilha inspiradora de converter a energia negativa das adversidades em esplendor positivo: em graça, em espírito, em firmeza, em humor. Sou seu professor. Mas também gosto de ser seu aluno.» EURICO CARRAPATOSO compositor


«O Diogo é um escritor muito jovem, um puto, diga-se, mas tanto a modulação dos ritmos narrativos como o dosear das intensidades de humor (negro, às vezes) e poesia são já de uma grande maturidade.
Morrem regularmente escritores célebres, em idade avançada, sem terem atingido este nível. O Diogo escreve a sua vida. Imagina-a tanto quanto a testemunha. Calhou-lhe na rifa uma doença degenerativa, rara. O Diogo não se demove, Acredito numa predisposição para um futuro, e o leitor gostaria de poder partilhar daquela força, daquela confiança nos poderes da imaginação.» JOÃO PAULO ESTEVES DA SILVA pianista e compositor

«Sou uma pessoa movida pelo amor, pelas pessoas e pelas relações. Nesse sentido, sou afortunado. Família, amigos. Tenho tudo. Não consigo, ainda assim, iludir este sentimento de vazio. A vida. A minha vida. Condenada pela genética logo à partida. Tento agora uma forçosa correcção. Um corrector anatómico que actue a um plano celular. Algo. Alguém. Uma experiência de vida alternativa, rumos invulgares. Uma dimensão com uma constante banda sonora. Tic. O tempo sempre se exibiu como um impedimento. Nunca quis para mim o que eu quis fazer dele. Descreve a minha realidade de forma crua e calculista. Acumula-se o pó sobre as cadeiras, sobre os móveis. Representamos pouco mais do que um consumo de matéria-prima, energia espraiada sobre várias formas. Até a cadência final se aproximar. Tac. Procuramos atentamente uma razão que nos faça suprimir o mau humor provocado por se estar vivo. Não o tento fazer. Esforço-me por compreender a beleza da casualidade, do aleatório. Irei vaguear então pela orla fina a que chamamos vida. Tic.
Tentarei dar um sentido maior à minha. Criar impacto em terceiros e gerar assim uma extensão artificial do meu ser que permaneça impermutável. Acolhido nos cantos recônditos do lobo temporal medial de alguém. Tac. As minhas conclusões? Sou feliz.
Um rapaz pobre e mal-agradecido pela felicidade que tem. Alguém que quer sempre mais. Não lhe chamo ambição, apenas uma fome por saciar. Uma sede por sorrir. Tic. Afortunado pela vida. Ainda que modestamente. Tac. 6h00. Ainda deitado, empunho um pequeno livro que não cheguei a abrir. Tic.
Atrasado. Sempre atrasado. Tac. O quanto me apraz sentir estes devaneios de um presunçoso intelecto.
Tiquetaque.
Tiquetaque.
Tiquetaque.»





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