quarta-feira, 31 de maio de 2017

O Mensageiro do Rei - Francisco Moita Flores [Opinião]

Título: O Mensageiro do Rei
Autor: Francisco Moita Flores
Editor: Casa das Letras
N.º de Páginas: 332

Sinopse:
D. Manuel II foi o nosso último rei. Tinha dezoito anos, quando mataram seu pai, D. Carlos, e o príncipe real Luís Filipe, em 1908. De súbito, caía sobre a cabeça do jovem a obrigação de reinar um país onde os monárquicos não se entendiam, decadentes, caciques traiçoeiros e republicanos que recorriam a todos os métodos, da grande oratória à intriga mesquinha, para que a República deixasse de ser um sonho. Reinou trinta meses. Teve seis governos e a obrigação de casar com uma princesa.

Os reis europeus recusaram-lhe filhas e netas, antevendo a queda da realeza, e á falta de princesa, apaixonou-se por uma deusa francesa: Gaby Deslys. Linda! O amor entre os dois foi o único legado coerente do seu reinado. Rigoberto era o mensageiro que lhe levava notícias do amor distante. Também ele apaixonado por Gardénia.

É a história de amizade entre o rei e o mensageiro, assim como as histórias dos amores de ambos, que vos narro neste livro. Até que o amor os separou, a Monarquia caiu e a República nasceu para viver durante 16 anos, com 45 governos, duas ditaduras pelo meio, e oito presidentes da República.

A minha opinião:

Do Moita Flores falta-me apenas um livro, Polícias sem História. A forma como escreve é atractiva e tão bem escrita que ganhou, desde o primeiro livro, uma fã.

Neste O Mensageiro do Rei, o autor centrou-se na vida amorosa de D. Manuel II e da relação, ficcional, que este teve com um mensageiro dos correios, que tinha como função levar-lhe a correspondência da sua amante.

Escrito de uma forma original, já que o livro é relatado através de um guião cinematográfico, a história é centrada primeiro no ano do regicídio (1908) e da entrada da Primeira República em Portugal.

Nesta fase tumultuosa da nossa história, D. Manuel vê-se "obrigado" a assumir o reinado e a procurar uma noiva com urgência. Não se sente de todo talhado para tal cargo, nem tão pouco com vontade de escolher à pressa uma princesa adequada ao seu estatuto de rei. Acontece que os principais reinos também não se mostram muito interessados em que as suas princesas casem com um rei que poderá estar prestes a deixar de sê-lo e as negociações ficam paradas.

Nesse interregno, D. Manuel conhece uma atriz francesa, nascida em Marselha, já com sucesso nas melhores salas de espectáculo, e se apaixona perdidamente. O amor é recíproco e ambos vivem um verdadeiro amor.

Mais que a relação entre o rei e a atriz, este livro traz a história de um monarca e um simples mensageiro, que presenciou o assassinato do rei D. Carlos e de D. Luís Filipe. Rigoberto é, para mim, a personagem mais cativante. Leva uma vida simples, com um gosto enorme pelo trabalho que faz e pela camaradagem entre os colegas dos correios que me cativou desde o começo. Um homem castiço, com peripécias próprias de um homem com uma vida despreocupada, mas cujo amor por uma rapariga de família lhe traz alguns dissabores. Partilha com o rei o amor impossível.

Gaby Deslys era francesa, nascido em Marselha, mas o grande amor da sua vida foi um português. Tinha sido "uma actriz de grande sucesso nas primeiras duas décadas do século XX. Pisou os melhores palcos de França, de Londres, de Nova Iorque, e um pouco por toda a Europa civilizada de então. Uma verdadeira diva."

De facto, é este grande amor que origina a que Francisco Moitoito seja interpelado por Antoine, um homem estranho que lhe revelou que a sua avó Gaby tinha tido um romance com D. Manuel II e que desejava que Montoito escrevesse um guião para um filme sobre a sua vida.

Desta premissa resultou um livro magnífico que recomendo sem quaisquer reservas.






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