sexta-feira, 12 de maio de 2017

Um livro, duas recusas. As negas de Eça de Queiroz e Herman Mellville

Título: JOSÉ MATIAS | BARTLEBY
Autores: Eça de Queiroz | Herman Mellville
N.º de Páginas: 184
PVP: 15,50 €
Guerra e Paz Editores

Chegou um novo Livro Amarelo. Este é também um livro de duas recusas. Recusa do amor físico, uma; recusa do trabalho, a outra. José Matias, admirável e bizarro conto de Eça de Queiroz, publicado em 1897, narra um anacrónico e aberrante caso de amor platónico. Bartleby, admirável e bizarro conto de Herman Melville, publicado em 1853, narra um anacrónico e aberrante caso de recusa do trabalho. Dois contos sublimes, que o professor e ensaísta Ricardo Vasconcelos aproxima no magnífico texto a que chamou «Bartleby e José Matias: Entre Duas Recusas», no novo título que chega às livrarias a 17 de Maio.

Como se pode justificar que no mesmo livro coabitem José Matias e Bartleby, logo eles, dois heróis que se obstinam em contrariar qualquer ideia de coabitação? Sucede que José Matias e a Bartleby têm um traço forte em comum. A estes nossos heróis deixou de interessar a banalidade do mundo: reservam-se para a contemplação de um mundo puro, distante e imaterial. José Matias ama a divina, e casada, Elsa e é a inacessibilidade física de Elsa que incendeia de amor José Matias. Escrivão de um advogado, Bartleby, com o seu obstinado mergulho numa inexplicável ociosidade em pleno escritório, pode parecer aos olhos das pessoas normais um «íncubo intolerável». Mas mesmo imóvel, no meio do escritório que o patrão teve de abandonar, Bartleby já não é mais do que um puro espírito.

Este é um Livro Amarelo – capa rasgada obliquamente por um cortante, faces do miolo pintadas à mão, tudo violentamente amarelo. No interior, entre os contos de Eça e de Melville, o texto de Ricardo Vasconcelos exalta-se, retrai-se e expande-se com uma lógica gráfica irreverente.

Um livro para ver, um livro para ler. Preferia não ler? Não se aceitam recusas. 


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