quinta-feira, 29 de junho de 2017

Café Amargo - Simonetta Agnello Hornby [Opinião]

Título: Café Amargo
Autor: Simonetta Agnello Hornby
Editor: Clube do Autor
Páginas: 368

Sinopse:
O universo feminino, o estilo pormenorizado e o ambiente local que conquistaram os leitores de Elena Ferrante.

Café amargo acompanha a vida de uma mulher que não se curva perante o poder masculino.
O romance nasce na Sicília, mas a autora transporta-nos até muito mais longe.
A protagonista é uma mulher de paixões, marcada também por vários sofrimentos que engole com altivez, como se fosse uma chávena de café amargo. A história de Maria e das suas escolhas pouco convencionais retrata uma época decisiva da Europa.
Um romance histórico marcado por memórias pessoais e vividas.

A minha opinião:
Sem grandes expecativas em relação a Café Amargo, até porque desconhecia tanto a autora como a existência do próprio livro, posso dizer que saí bastante surpreendida com a leitura do mesmo.
Só existe uma palavra para expressar o meu sentimento: adorei!

Itália, finais do século XIX. Maria, a filha primogénita de Titina e Ignazio Marra, prende a atenção do rico herdeiro Pietro Sala, bem mais velho que ela, mas com os seus encantos.

Mundano, culto, viajado, depressa convence Maria do seu amor por ela e de uma vida plena, onde os seus sonhos serão realizados. Maria é uma mulher diferente das outras da sua geração. Como qualquer italiana vive para a sua família, mas também sonha com os estudos e ser professora, assim como adora tocar piano. Essas são duas paixões que não gostaria de abrir mão por causa de um homem.

"A ignorância não é um pecado. Apenas se torna um pecado quando se insiste em permanecer ignorante."

Através, sobretudo, destas personagens, vamos conhecendo a história italiana, mais concretamente a da Sicília e de Palermo, envolvendo-nos com o deflagrar das duas guerras mundiais, mas também do dia a dia daquelas gentes dependentes dos mais ricos e afortunados para sobreviver.

O povo, pouco instruído, sujeita-se a tudo, e o trabalho nas minas é desgastante, como nos vai contando Simonetta em algumas partes da narrativa. A mina de enxofre, gerida pelo sogro de Maria, apesar de dar muito lucro, é um exemplo de desumanidade.
À mínima distração, o mineiro pode morrer sufocado com o cheiro intenso do enxofre, mas pior ainda são os relatos das crianças, filhas de mineiros mais pobres, que trabalham na mina desde tenra idade e que acabam por ser como que escravos. Trabalham muito, dormem no local todos amontoados como se de bichos de tratasse e morrem cedo, por volta dos 30 anos.
Isso vai chocar Maria, que não imaginava que houvesse pessoas a viver nessas condições.

Café Amargo é um livro puramente italiano. O clã tanto dos Marra como dos Sala é bastante unido, com atitudes próprias de familiares, onde o dinheiro leva a muitas amizades, mas sobretudo a conflitos, mesmo dentro do seio familiar. Pietro é um esbanjador, habituado à opulência, Maria é mais ponderada, embora procure conforto para a sua casa e para quem nela trabalha. É pioneira na colocação de casas de banho no interior da moradia, assim como a electricidade e água.
No entanto, não agrada a todos e a sua vida não vai ser facilitada.

Pleno de referências históricas e com personagens marcantes, Café Amargo vai prender os amantes do romance histórico.




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